Segue abaixo a minha entrevista para a assessoria de imprensa da Confederação de Futebol 7 Society do Brasil.
10/08/2009
Em entrevista ao assessor de imprensa da Confederação de Futebol 7 Society do Brasil, Hugo Leonardo Loureiro, presidente da Federação Paranaense de Futebol 7 Society falou sobre o crescimento da modalidade no Estado, também mostrou como vem sendo o trabalho dentro dos projetos que a entidade vem realizando e explicou porque o society vem ganhando um espaço cada vez maior no cenário esportivo nacional.
Nilton César de Carvalho – Como você poderia descrever o perfil da modalidade no atual cenário do esporte paranaense?
Hugo Leonardo Loureiro - O futebol society é uma das modalidades esportivas mais praticadas no país, em nosso Estado principalmente. O society vem sendo um agregador em nossa sociedade, ele consegue ter um alcance que as demais modalidades esportivas dificilmente terão algum dia.
Além de ser um dos esportes mais utilizados pelas entidades de prática desportiva e associações como ferramenta de inclusão social ele consegue atender também a outros meios e com outros objetivos, por exemplo, a criação de eventos por parte de empresas dos mais diversos segmentos, usando a modalidade como uma ferramenta de endomarketing no relacionamento com clientes e fornecedores. Isto sem falar no considerável número de clubes paranaenses que estão passando a enxergar a modalidade como um esporte de rendimento e não apenas um esporte de lazer.
Nilton César de Carvalho – Como vem sendo o trabalho para convencer a sociedade de que o futebol society não é um esporte de lazer e sim de rendimento?
Hugo Leonardo Loureiro - Em primeiro lugar nós costruímos um porto seguro para que os clubes pudéssem investir e se estruturar para desenvolver projetos seguros dentro da modalidade. Para qualquer EPD (Entidades de Pratica Desportiva) desenvolver os seus projetos é preciso haver uma base de atividades seguras desenvolvidas pela federação estadual. Até hoje era inviável para os clubes investirem no society, devido ao fato de que o esporte não trazia retorno, apenas conquistar os títulos tinha um significado muito pequeno quando se fala em society como esporte de rendimento.
Após o encerramento de uma disputa, os clubes e atletas não tinham retorno algum e o nosso trabalho está sendo feito objetivando oferecer à todos a possibilidade de permanecer na modalidade e se estruturarem cada vez mais. Este é um trabalho lento, mas estamos tomando a precaução de fazê-lo de forma que possamos inserir uma nova cultura à respeito do futebol society em nossa sociedade.
Nilton César de Carvalho – E hoje, qual é o retorno que eles podem ter?
Hugo Leonardo Loureiro - Quando falamos em retorno dentro do esporte de rendimento, a primeira questão é que os clubes deverão ter retorno independente dos resultados dentro de campo, mas procuramos fazer com que os resultados conquistados dentro de campo possam trazer benefícios para as EPD diretamente fora de campo.
Que os títulos conquistados não venham a onerar despesas futuras para os clubes participarem de outras competições mais importantes e sim que os resultados sirvam para ajudá-los na captação de apoio dos órgãos públicos e da iniciativa privada para potencializarem as suas ações e a Federação vem buscando ser um elo de ligação dentro deste contexto.
Para as equipes que não chegam a fase final das competições temos que ter uma atenção especial, temos que auxilia-los no que for preciso para que continuem a fazer parte desta estrutura do nosso esporte e nós estamos conseguindo a cada dia mostrar, principalmente aos órgãos públicos a importância de haver apoio nas atividades desenvolvidas por estes clubes.
Nilton César de Carvalho – E qual o comparativo que se faz entre categorias de base e escolinhas dentro da modalidade?
Hugo Leonardo Loureiro - Segundo o Atlas do Esporte no Brasil, hoje o futebol society é a modalidade esportiva com o maior número de alunos matriculados em escolas de iniciação esportiva. A realidade mostra que a modalidade vem sendo escolhida pelos grandes clubes do Brasil como uma das principais formas de captação de talentos esportivos para posteriormente serem levados ao futebol de campo.
O número de escolas e academias de futebol society cresce consideravelmente a cada ano e dentro do cenário atual as escolas estão começando a ganhar uma importância fundamental dentro deste organograma de esporte de rendimento. Esperamos que em um futuro, não distante, os atletas possam iniciar no society e permanecer na modalidade, como acontece no futsal hoje em dia.
Nilton César de Carvalho – Qual é a prioridade da Federação Paranaense?
Hugo Leonardo Loureiro- A nossa prioridade é desenvolver um calendário saudável para que os clubes possam elaborar em cima disso os seus próprios cronogramas de atividades. Neste processo estamos buscando mostrar uma nova cara para as competições esportivas, anteriormente os participantes disputavam campeonato, hoje eles já conseguem diferenciar campeonato de futebol de evento esportivo, principalmente devido a cultura intrínseca de que o society era um esporte de lazer e em nosso sistema os clubes e principalmente os atletas estão enxergando de outra forma.
Nilton César de Carvalho – Quais são os projetos sendo desenvolvidos pela Federação Paranaense?
Hugo Leonardo Loureiro - Nós estamos investimento nossa atenção principalmente nos clubes, nosso foco é de ajudar diretamente no crescimento da infra-estrutura dos nossos filiados, buscando auxilia-los em parcerias com orgãos públicos e iniciativas privadas. Conseguimos intermediar parcerias importantes nos últimos anos, com Atlético Paranaense, Coritiba FC, Prefeitura de Apucarana, Prefeitura de São José dos Pinhais, entre outras instituições e entidades de reconhecida importância e credibilidade em nossa sociedade.
No interior do Estado e região metropolitana nós conseguimos trazer inúmeros parceiros afim de somar forças conosco para o desenvolvimento de eventos qualificados em todo o nosso Estado. Estamos trabalhando fortemente para realizar este ano um dos maiores campeonatos estaduais do nosso país.
Nilton César de Carvalho – Qual é o investimento e o retorno que os clubes alcançam na disputa dos eventos do calendário da Federação?
Hugo Leonardo Loureiro - O resultados dos clubes é proporcional ao tamanho do investimento nas atividades e projetos desenvolvidos por eles. O Autolins Society foi o campeão paranaense em 2008 e para esta temporada foi premiado com uma parceria com o Coritiba Foot Ball Club, um dos maiores clubes do país. Esta parceria vem trazendo inúmeros benefícios para a equipe que teve todas as despesas custeadas com logística, alimentação e participação na Copa Sul de Clubes, estas parcerias são resultado do investimento realizado para se estabelecer como uma grande força da modalidade e à partir disso os benefícios começam a aparecer voluntariamente.
Nilton César de Carvalho – Qual é a participação da iniciativa privada no futebol society?
Hugo Leonardo Loureiro - Não só no futebol society, mas em qualquer esporte eu particularmente acredito que todo o financiamento deve vir à partir da iniciativa privada, sendo que os órgãos públicos devem criar mecanismos eficientes para facilitar a participação de empresas neste sistema desportivo. Hoje a participação da iniciativa privada tem sido tímida, mas fundamental para que possamos conseguir viabilizar projetos importantes como foi a Copa Sul, onde pudemos realizar o maior evento esportivo da história da modalidade na região sul do país.
Nilton César de Carvalho – Como vem sendo a entrada dos grandes clubes no futebol society?
Hugo Leonardo Loureiro- Hoje em dia a gestão dos grandes clubes do futebol brasileiro não está mais focada apenas no futebol profissional. Apesar da atenção destinada ao esporte amador ainda estar longe da ideal ela passou a existir nos últimos anos. O nascimento da Confederação de Futebol 7 Society do Brasil deu credibilidade a modalidade e os clubes aos poucos vem desembarcando. O trabalho sério que vem sendo desenvolvido por confederação e federações tem sido fundamental não só para a chegada, mas a permanência dos grandes clubes no society.
Nilton César de Carvalho – O resultado alcançado pelos clubes é fundamental para a permanência ou não na modalidade?
Hugo Leonardo Loureiro - A princípio eu pensava que sim, mas o trabalho me mostrou o contrário. A permanência dos clubes de camisa na modalidade depende muito mais do retorno fora de campo do que necessariamente do resultado obtido pela equipe dentro de campo.
Obviamente que todos grandes clubes entram nas competições visando o título e os melhores resultados possíveis dos seus atletas, mas a permanência deles está muito mais ligada a possibilidade de serem desenvolvidos projetos próprios dentro da própria modalidade e isto só é possível se o trabalho das entidades que administram o society oferecer uma boa contra partida aos clubes e isto vem acontecendo.
Nilton César de Carvalho – O que te leva a esta afirmação?
Hugo Leonardo Loureiro- Nós temos um exemplo claro no Campeonato Paulista, a competição conta com todos os grandes clubes do Estado, a competição tem Palmeiras, Santos, São Paulo, Corinthians, São Caetano, Bragantino, Portuguesa entre outras forças do interior na disputa e independente dos resultados obtidos pelas equipes nos últimos anos não tem acontecido nenhuma fuga do grandes clubes na modalidade.
O retorno para os clubes tem sido enorme, o society tem sido transmitido ao vivo para todo o Brasil e vem ganhando a cada dia mais espaço na mídia e por se tratar de um esporte de uma plasticidade fantástica ele vem encantando a garotada que a cada dia procura as escolinhas dos grandes clubes para iniciar na modalidade.
Nilton César de Carvalho – Você acredita na profissionalização do futebol society?
Hugo Leonardo Loureiro - Não tenho a menor dúvida de que o futebol society vai se profissionalizar, para isto, primeiramente era preciso que fosse criado um porto seguro aonde os clubes profissionais pudessem desembarcar e isto aconteceu com o nascimento da confederação.
Este processo de profissionalização depende muito mais das federações e órgãos públicos do que dos clubes e da iniciativa privada. Estamos trabalhando duro a cada dia para mostrar para as entidades de prática desportiva que o futebol society começou a ter o seu enorme potencial explorado.
Segundo o Ministério do Esporte o futebol society tem mais alunos em escolinhas do que o futsal e o beach soccer juntos, isto é uma demonstração clara da força que reside em nossa modalidade. Da mesma forma que o futsal alcançou o status de esporte de rendimento e o beach soccer ganhou o reconhecimento até mesmo da FIFA não temos dúvidas que o society terá sua alavancagem em um breve período de tempo.
Nilton César de Carvalho – Qual é a diferença do futebol society e showbol?
Hugo Leonardo Loureiro - O futebol society é um esporte e o showbol é uma atividade ligada muito mais a show e entretenimento do que ao esporte. Não só no Brasil, mas em outros países onde se pratica o showbol que também é conhecido por fútbol rápido ou indoor não existem espaços para que os desportistas possam praticar a modalidade, os campos são montados exclusivamente para o evento.
Independente da modalidade ser praticada por veteranos ou não a finalidade dela não é difundir o esporte, massificar a prática entre jovens e adolescentes, passar os valores agregados a pratica esportiva e formar atletas. Os objetivos do showbol são de atrair o público, entreter e comercializar produtos.
Nilton César de Carvalho – Qual foi o planejamento para montar o calendário da Federação Paranaense?
Hugo Leonardo Loureiro -.Primeiramente nós fizemos um estudo à respeito das entidades de pratica desportiva, praças desportivas e público, logo em seguida identificamos a necessidade existente e definimos as nossas prioridades. Hoje a Federação tem dois grandes eventos na categoria principal por ano, um em cada semestre, a Copa Federação e o Campeonato Paranaense.
Na Copa a competição está sendo realizada exclusivamente na categoria principal, enquanto no Paranaense iremos trabalhar em todas as categorias, até porque a competição é classificatória para o Brasileiro. Para a temporada 2010 nós iremos inserir em nosso calendário uma grande competição voltada para as escolas e academias de futebol. Esta competições reúnem clubes de todo o Estado, até porque a modalidade é tão forte no interior e litoral quanto na capital.
As Ligas filiadas a Federação também possuem eventos próprios em seus calendários e a FPF7S da total apoio e suporte para que as ligas possam incluir e desenvolver inúmeras atividades dentro do nosso cronograma anual de atividades. Além disso a Federação realizou este ano a Copa Sul, no interior do Estado.
Nilton César de Carvalho – E como foi a Copa Sul?
Hugo Leonardo Loureiro - A Copa Sul contou com a participação dos maiores clubes da região sul do país, vieram Figueirense, Avaí e Guarani de Palhoça, ambos de Santa Catarina, além do Grêmio-RS e Caxias-RS, aqui do Paraná tivemos a participação do Atlético Paranaense, Coritiba FC e o próprio Apucarana, representando a cidade sede do evento.
Tivemos o apoio irrestrito da Prefeitura da cidade, do governo estadual e das empresas da região que apostaram em nosso trabalho. O evento foi considerado pelos representantes da confederação e clubes como modelo para a modalidade, por toda a organização e infra-estrutura oferecida. Nós da FPF7S ficamos muito felizes pelo reconhecimento da comunidade do society e esperamos repetir o sucesso em 2010, oferecendo ainda mais do que este ano.
Nilton César de Carvalho – E a seleção paranaense de futebol society?
Hugo Leonardo Loureiro - A seleção paranaense de futebol society viajou para Bragança paulista para disputar a primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Seleções e lá fomos o Estado com o melhor aproveitamento, conquistando o título na categoria veteranos e ficando com o vice na categoria principal.
Para a seleção paranaense nós estabelecemos critérios para a convocação da equipe, no qual os atletas devem estar disputando as competições do calendário da FPF7S e das ligas filiadas, desta forma a convocação é justa. Para a primeira etapa foram convocados 35 atletas de quatorze clubes diferentes da capital e interior do Paraná e para as etapas seguintes o objetivo é de continuar mantendo este trabalho que vem trazendo enorme benefício para a modalidade em nosso Estado.
Na etapa de Bragança fomos considerados a delegação mais bem organizada do Brasileirão por dirigentes, veículos de comunicação, tv, jornais e esperamos oferecer uma infra-estrutura cada vez melhor para que os nossos atletas possam continuar conquistando bons resultados.
Nilton César de Carvalho – Qual é a importância que a confederação tem no trabalho das federações?
Hugo Leonardo Loureiro - É fundamental que as federações tenham uma entidade mãe que ofereça respaldo para o desenvolvimento das atividades estaduais e regionais. A Confederação de Futebol 7 Society do Brasil nasceu para fazer esta ligação entre os órgãos estaduais e tem sido de fundamental importância em nossas conquistas diárias.
Os clubes passaram a se estruturar objetivando chegar lá em cima, porque hoje existe um topo a ser almejado, algo que não existia antes. Não me refiro só com relação a conquista de títulos nacionais, mas principalmente em poder se planejar para chegar e se estabelecer em uma condição exponencial na modalidade, fazendo com que o seu trabalho traga benefícios internos nas próprias atividades desenvolvidas por eles, se tornar referência na modalidade é de extrema importância quando se fala na venda de franquias de uma marca, a entrada do Falcão 12 / Umbro no society é uma amostra clara disso.
A entrada dos grandes clubes tem crescido justamente por haver esta referência qualificada que a Confederação tem mantido neste curto tempo de vida e isto vai crescer a cada dia.
Nilton César de Carvalho – Como você vê o reconhecimento do futebol society lá fora e o futuro da Confederação?
Hugo Leonardo Loureiro - Vejo que pode ter um futuro brilhante, mas ainda estamos longe disso, é um sonho. Apesar da modalidade possuir praticantes em todos os cantos do mundo, em cada lugar a pratica acontece de forma diferente, as regras mudam, os objetivos também. Para que a internacionalização do futebol society aconteça é preciso primeiramente que em muitos lugares a modalidade vire um esporte realmente e deixe de ser apenas uma atividade de lazer, não só aqui, mas lá fora também. No Brasil estamos trabalhando para isso.
No mundo inteiro existem entidades que administram e trabalham seriamente no futebol 7 e acredito que se continuarmos com o nosso trabalho sério e focado, consequentemente iremos aproximar inúmeras entidades de outros países. Nós temos que primeiramente nos fortalecer aqui dentro, lá fora é um segundo passo.
Nilton César de Carvalho – Quais os objetivos a curto e longo prazo da Federação Paranaense?
Hugo Leonardo Loureiro- A curto prazo queremos criar um sistema no qual possamos mudar a cultura local do futebol society e fazê-lo conquistar o respeito e credibilidade que a modalidade merece. A longo prazo pretendemos fazer da Federação Paranaense uma entidade modelo, referência em administração e organização, conseguindo profissionalizar a gestão do esporte, dando subsídios para que o trabalho das ligas e clubes sejam sempre amparados o máximo possível por nossa entidade.